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Maria, Mulher do Sim, Vocacionada do Pai

É chegado o mês de maio, mês das Mães e somos convidados a voltarmos o olhar para a Mãe de Jesus.  É importante aprofundar a visão bíblica de Maria, para que possamos haurir alimento para a nossas vida cristã. Torna-se, desta forma, uma riqueza para os/as discípulos/as de Jesus.

O evangelista Lucas apresenta Maria como “peregrina na fé”. Assim está na mesma linha do Concílio Vaticano II, que, no seu documento sobre a Igreja, inseriu um capítulo e sobre Maria, Mãe de Deus, no Mistério de Cristo e da Igreja. Assim, Maria pode  nos animar na nossa caminhada de fé, pois ela trilhava o mesmo caminho, entre certezas, dúvidas, alegrias e tristezas.

Os textos evangélicos são “Boa Notícia”, ou seja, somos convidados a descobrir neles, hoje, uma Boa Notícia para nós. Pois, algo semelhante à experiência de Maria, transmitida através do esquema de “anunciação”, se pode dizer de todos nós. Nós fomos chamados à graça batismal e à Vida Religiosa Consagrada, não por mérito nosso, mas pela “graça” de Deus. Por isso podemos alegrar-nos e prosseguir confiantes, pois Deus estará conosco, para nos dar força, como foi na vida de Maria.

Interessante a objeção de Maria “como vai acontecer isso”? Ela não tem clareza sobre o que está acontecendo, nem sobre sua missão. Até nisso ela se assemelha a nós, que tantas vezes ficamos perplexos diante dos acontecimentos na concretização e vivência da nossa missão. Aliás, São Lucas faz questão de ressaltar o fato de que Maria nem sempre tinha clareza sobre as coisas – uma Maria que tivesse absoluta certeza sobre tudo teria muito pouco a ensinar a nós, que enfrentamos tantas dificuldades e dúvidas na vida diária.

A frase “Faça-se em mim” deve ser lida como o grito alegre de quem aceita o desafio e quer ser protagonista da realização da vontade do Senhor. Maria personifica toda/o religiosa/o que assume a missão de ser protagonista da construção de um mundo novo de justiça e solidariedade, partilhando a luta do povo. Nem sempre é claro o caminho a seguir, mas Maria nos dá o exemplo de quem – embora não entenda tudo com toda a clareza – em uma atitude de fé e entrega, aceita alegremente o desafio lançado por Deus e grita com entusiasmo: “Faça-se em mim segundo a tua palavra”. Este projeto de Deus está expresso mais claramente no Magnificat.  

Podemos dizer que o Magnificat resume o projeto de vida de Maria, como Lc 4, 16-21  resume o de Jesus. É um programa real e concreto de continuar a luta para que “todos tenham a vida e a vida plenamente” (Jo 10,10). A verdadeira devoção mariana só acontece  à medida que nós nos comprometamos com este projeto de vida, baseado na nossa fé em Deus libertador, o único Deus verdadeiro bíblico, o Deus de Jesus Cristo e de Maria. Longe de nós um devocionalismo anêmico, sem consistência, que faz de Maria uma pessoa passiva, desencarnada. Maria, peregrina da fé em Lucas, é a mulher forte do Antigo Testamento, cheia do Espírito Santo, que arde nela como fogo, e que a leva a dedicar a sua vida em favor do projeto de libertação dos oprimidos, a única “verdadeira devoção” mariana.

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